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22/08/2019

Radioterapia no câncer de próstata

As opções de tratamento primário e curativo de homens com câncer localizado de próstata incluem a cirurgia (prostatectomia radical, que consiste em remoção completa do órgão) ou a radioterapia (uso de radiação de alta energia dirigida à próstata sem a remoção da glândula). A escolha do tratamento é basicamente determinada por uma série de fatores, incluindo o estágio da doença no momento do diagnóstico, julgamento médico, preferência do paciente e os recursos disponíveis.

A radioterapia no tratamento do câncer de próstata pode ser empregada de duas maneiras:

– Radioterapia externa (sem contato com o paciente);

– Braquiterapia (quando a fonte radioativa está em contato com o órgão).

Na radioterapia externa se utilizam feixes de radiação, hoje em dia raios X, os mesmos utilizados para exames de imagem, mas com alta energia, capazes de esterilizar tumores. Na braquiterapia são utilizadas agulhas ou sementes implantadas diretamente na próstata, também entregando alta dose de radiação bem restrita ao órgão.

Radioterapia X cirurgia convencional

Apesar de serem poucos os estudos bem qualificados comparando radioterapia com a prostatectomia radical, a literatura médica demonstra e sugere que os resultados dos tratamentos de câncer de próstata com radioterapia (externa ou braquiterapia) são similares aos resultados dos pacientes tratados por cirurgia radical, mas para tal sucesso é necessário que a radioterapia seja aplicada com doses certas e com técnicas de tratamento modernas.

A radioterapia moderna, principalmente a radioterapia externa, hoje é empregada com recursos que acompanham a evolução tecnológica da medicina, da informática e da vida diária. A radiação externa, sem contato com o corpo do paciente, atinge profundamente a próstata com alta precisão, diminuindo, na medida do possível, a dose nos órgãos vizinhos (intestino e bexiga). Tal precisão é alcançada com técnica chamada de IMRT (radioterapia com intensidade modulada, desenvolvida nos anos 90), que funciona com os computadores e equipamento direcionando mais dose ao órgão (próstata) ou sua região, e, ao mesmo tempo, “esfriando” a dose inevitável na passagem pelos outros órgãos vizinhos, o que diminui os efeitos colaterais do tratamento.

Outra vantagem das técnicas modernas da radioterapia é a capacidade de conferir diariamente a posição do paciente e da próstata, em todas as aplicações, que costumam ser de 20 a aproximadamente 40 aplicações, dependendo do hospital onde o paciente for tratado. Essa técnica de conferência é chamada de IGRT (radioterapia guiada por imagem) e permite, com maior precisão, segurança e proteção dos órgãos vizinhos, empregar doses mais altas à próstata doente, aumentando as chances de cura dos pacientes e, também, diminuindo os efeitos colaterais do tratamento. As altas tecnologias (IMRT e IGRT) têm permitido alcançar doses mais altas, possibilitando tratamentos ainda mais curtos, com técnica apelidada de “radiocirurgia”, de poucos dias de duração (até 5 dias), mas necessitando avaliação a cada caso, dependendo do estágio e da gravidade da doença e do hospital onde o paciente será tratado.

Feixe de prótons

Ainda como modalidade de radioterapia externa, existe o uso de feixe de prótons (chamados de irradiação por partículas), hoje bastante empregado nos Estados Unidos e Europa, mas não disponível no Brasil até o presente momento. Os centros de tratamento com prótons são ainda maiores e de custo também aproximadamente dez vezes mais alto para a construção. Os prótons têm características diferentes de penetração no corpo, e a técnica também promete diminuir a dose e o volume de radiação que atinge os órgãos vizinhos da próstata, mas não há um benefício comprovado que a torne mais curativa do que a radioterapia externa convencional com raios X utilizada no mundo todo.

Os tratamentos de radioterapia externa, independentemente da técnica, costumam levar aproximadamente oito semanas, com doses que duram de 5 a 20 minutos por aplicação, atingindo um total de 35 a 40 aplicações em média (fracionamento convencional). Os tratamentos mais curtos, de aproximadamente 20 aplicações, costumam ser chamados de hipofracionamentos, e os tratamentos ainda mais curtos, de aproximadamente 5 dias, são chamados de ultra-hipofracionamentos ou hipofracionamentos extremos.

A braquiterapia (terapia de contato com a próstata) é aplicada com a introdução de agulhas ou sementes, em um número menor de dias (de 1 a 5 dias) e pode ser empregada como tratamento único ou como reforço da radioterapia externa, em situações que também dependem do estágio da doença, da experiência do hospital e da saúde do paciente antes do diagnóstico do câncer, pois o procedimento é invasivo e exige anestesia.

Os efeitos colaterais mais esperados da radioterapia, hoje diminuídos pela alta tecnologia, são basicamente ardência e urgência urinária e também aumento da frequência evacuatória (fezes), normalmente autolimitadas, de melhora esperada para após alguns dias do término do tratamento. Raramente esses sintomas se tornam crônicos e não duram mais tempo do que poucas semanas. O risco de disfunção sexual (dificuldade de ereção) após a radioterapia também existe, porém mais tardio, e deve ser discutido entre médico e paciente, no momento da escolha do tratamento.

Os médicos, preferencialmente em equipe multiprofissional, devem discutir as opções e podem oferecer uma única terapia aos pacientes com câncer inicial da próstata, que pode ser definitivamente curativa. Já para os pacientes com doença mais grave e mais avançada ao diagnóstico, recomenda-se que sejam oferecidas terapias conjuntas (cirurgia, seguida de radioterapia e hormônios), em algumas situações somadas, aumentando as chances de cura nesses estágios mais graves. Idealmente também nesses estágios mais avançados, recomenda-se que os casos sejam discutidos entre equipe médica e pacientes e familiares, avaliando as melhores opções de tratamento.

Dr. Fernando Obst – Radioterapeuta, Porto Alegre, RS.

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