Parecer da Sociedade Brasileira de Urologia e do seu Departamento de Uropediatria
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), por meio de seu Departamento de Uropediatria, vem esclarecer a população acerca de informações veiculadas em redes sociais sobre tratamentos hormonais destinados ao público pediátrico, baseados em medições caseiras do tamanho peniano.
O crescimento peniano e o desenvolvimento puberal
É fundamental entender que o tamanho peniano depende não apenas da idade, mas principalmente do estágio de desenvolvimento puberal, avaliado segundo os estágios de Tanner, além de fatores genéticos, étnicos e familiares. O crescimento do pênis não é linear ao longo da vida:
• Após o nascimento, há um aumento nos primeiros 3 meses (período conhecido como minipuberdade);
• A partir de então, o crescimento é muito lento até a adolescência, quando ocorrerá o aumento expressivo, culminando no tamanho final.
Aspectos como aumento da gordura suprapúbica, implantação escrotal alta, malformações como hipospádia, bandas ventrais de pele ou até condições pós-cirúrgicas locais podem dar a falsa impressão de um pênis pequeno. Essas situações devem ser avaliadas por profissionais capacitados antes de se suspeitar de micropênis.
Micropênis: uma condição rara
O verdadeiro micropênis é raro e definido como um pênis anatomicamente normal, mas cujo comprimento está abaixo de 2,5 desvios-padrão da média estimada para a idade. O diagnóstico requer avaliação médica detalhada, incluindo urologista pediátrico, endocrinologista pediátrico, exames laboratoriais e testes genéticos antes de qualquer indicação de tratamento hormonal.
Riscos de tratamentos inadequados
Nos últimos dias, circularam nas mídias sociais recomendações infundadas para o uso de testosterona em crianças a partir de 6 anos, limitando a eficácia do “tratamento” em crianças acima de 11 anos, com base apenas em medidas caseiras feitas por responsáveis. Esse tipo de prática é alarmante e pode causar danos irreversíveis à saúde da criança.
Tratamentos hormonais sem indicação precisa e adequada podem trazer graves complicações, como:
• Alterações permanentes no crescimento e desenvolvimento físico, incluindo surgimento precoce dos pelos, baixa estatura;
• Problemas metabólicos e hormonais;
• Riscos psicológicos, com impacto na autoestima e bem-estar.
• Infertilidade futura
Alerta da SBU
A SBU reforça que:
1. O diagnóstico e manejo de qualquer alteração peniana na população pediátrica devem ser conduzidos exclusivamente por equipes especializadas, seguindo protocolos baseados em evidências científicas;
2. A comercialização de medicamentos ou tratamentos fora das diretrizes reconhecidas por sociedades médicas é inaceitável e deve ser denunciada;
3. Promessas de tratamentos “milagrosos” devem sempre ser vistas com desconfiança, especialmente quando há restrições na aquisição de medicamentos.
Compromisso com a saúde infantil
A Sociedade Brasileira de Urologia e seu Departamento de Uropediatria reafirmam seu compromisso com a saúde e o bem-estar das crianças. Estamos à disposição para esclarecer dúvidas e orientar sobre práticas seguras e éticas.
Desconfie. Informe-se. Procure especialistas.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)
Departamento de Uropediatria
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