Cafés, chás, bebidas alcoólicas e refrigerantes à base de cola propiciam formação de cálculos, enquanto sucos cítricos protegem os rins

O verão é a estação favorita do brasileiro, mas acende o alerta para a alta incidência de pedras nos rins 30% maior que em outros períodos do ano. Isso acontece, pois há o aumento da transpiração sem a hidratação adequada para supri-la. Pensando nessa realidade, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza a partir do dia 18 uma semana de orientação da população sobre a importância de prevenir a formação de cálculos renais.

De acordo com o membro do departamento de Endourologia e Calculose da SBU Dr. Fábio Sepúlveda, estima-se que 1 em cada 10 pessoas no Brasil sofra de cálculo renal. “Essa condição é mais comum entre adultos jovens, entre os 20 a 35 anos e mais frequente em homens. Cerca da metade destas pessoas terão um novo episódio de cálculo ao longo dos 10 anos seguintes e por isso a prevenção é muito importante”, esclarece.

Boa parte da prevenção está associada à adoção de hábitos saudáveis, como por exemplo:

– Beber de dois a três litros de água por dia;

– Diminuir o consumo de sal;

– Fazer atividades físicas e perder peso;

– Diminuir o consumo de proteína animal, como carnes, especialmente as não brancas, miúdos e mariscos, especialmente para quem tem problemas com o ácido úrico;

– Aumentar a ingestão de sucos cítricos, que protegem o corpo da formação de cálculos renais.

Como saber se meu consumo de água está adequado?

Os médicos alertam que nem todo líquido é indicado para prevenir o cálculo. “Muito se fala na importância de ingerir líquidos abundantemente, mas vale lembrar que os líquidos não são todos iguais! Café, chás, bebidas alcóolicas e refrigerantes, especialmente os à base de cola, quando consumidos frequentemente podem levar à formação de cálculos. O café e os chás, especialmente os escuros, contém oxalato, um dos principais componentes dos cálculos. Já as bebidas gaseificadas, sobretudo as à base de cola, contém ácido fosfórico que também é prejudicial. Quanto ao álcool, embora tenha efeito diurético inicial, resulta em uma relativa desidratação posterior (daí a sede), e na eliminação de substâncias como purinas, que estão ligadas à formação de cálculos”, avisa a urologista e membro da Comissão de Comunicação da SBU Dra. Karin Anzolch.

O ideal é consumir de 2 a 3 litros de água diariamente, porém alguns fatores devem ser levados em consideração para o ajuste à realidade do paciente, como: constituição física (peso, altura, percentual de gordura corporal) e outras perdas de líquido como respiração ou suor que podem ser decorrentes do clima ou atividades físicas.

Outra dica importante é monitorar a cor da urina. “Se não houve o consumo de algum alimento ou substância que possa mudar a cor a urina, a tonalidade ideal é transparente, incolor, como a água potável. À medida que a urina progride para uma tonalidade amarelada ou alaranjada, esse é um sinal de concentração e geralmente indica que o volume de líquido ingerido está baixo”, explica o Dr. Fábio Sepúlveda.

Além desses cuidados, Dr. Fábio aponta que um outro sinal é a sede. “Sentir vontade de tomar água é um sinal de alerta do organismo que está ficando desidrato”, afirma o urologista.

Alerta para vitaminas C e D

Com a pandemia, muito tem sido divulgado sobre os benefícios de ingerir vitaminas como a C e a D, como forma de aumentar a imunidade contra a Covid-19. Porém, o uso dessas vitaminas de forma indiscriminada e sem orientação médica pode ser tóxico e levar a complicações, como altos níveis de cálcio no organismo, no caso da vitamina D, ou acidificar demais a urina, precipitando cristais, no caso da vitamina C, sendo fatores de risco para a formação de pedras nos rins.

Apps ajudam a evitar o problema

Ao sentar-se na mesa do escritório e com tantos afazeres muitas pessoas só se dão conta que não beberam água muitas horas depois, sendo este um fator de risco para o surgimento de pedras nos rins. Mas, ultimamente um aliado está se fortalecendo no combate a esse esquecimento: a tecnologia.

Um estudo publicado no periódico AUA News, da Associação Americana de Urologia, relatou o desenvolvimento de um aplicativo feito por urologistas, que se conecta a uma garrafa de água e ajuda a controlar a hidratação adequada do paciente.

Dr. Fabio diz que por aqui no Brasil ainda não se tem conhecimento do uso desse dispositivo, porém estão disponíveis gratuitamente na Apple Store ou Google Play diversos aplicativos que lembram de tomar água, de acordo a temperatura, a atividade física, idade e peso corporal.

Orientação

A Sociedade Brasileira de Urologia vai mobilizar suas redes sociais a partir do dia 18 de janeiro para alertar sobre riscos e maneiras de prevenção às pedras nos rins. As redes sociais da SBU (@portaldaurologia) trarão posts educativos sobre o tema. A Rádio SBU, podcast semanal da instituição nos streamings de áudio (Spotify, Deezer etc.), também dedicará todo o mês de janeiro a conversar sobre o tema.

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