A doença urológica do presidente Michel Temer
Saiba o que é a HPB e a estenose de uretra e por que uma pode levar à outra
A estenose de uretra, problema que acometeu recentemente o presidente Michel Temer, ocorre em cerca de 8% a 15% dos pacientes que fazem a cirurgia para tratamento da hiperplasia prostática benigna (HPB), de acordo com a literatura médica. A intercorrência é uma complicação da cirurgia que promove a raspagem da próstata para diminuir sua pressão sob a uretra, canal condutor da urina.
O tratamento para HPB pode ser feito por via endoscópica ou abdominal (esta por meio de cirurgia aberta, videolaparoscópica ou robótico-assistida), dependendo do volume prostático. “Em qualquer uma das opções escolhidas, há manipulação do canal urinário (uretra) e pode haver reação cicatricial exacerbada, provocando estenose (estreitamento) uretral”, explica o chefe do Departamento de HPB da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Ricardo Vita.
Como o procedimento endoscópico realizado no presidente pode demorar entre 1,5h e 2h, a uretra fica forçadamente alargada pelo calibre do aparelho, o que já pode gerar um trauma local.
Uma das complicações da estenose é causar retenção de parte da urina na bexiga, esse resíduo pode causar infecções urinárias de repetição, cálculos vesicais (na bexiga), prostatites (infecção na próstata), orquites (infecção dos testículos) e pielonefrites (infecção dos rins). Por isso seu tratamento é mandatório.
Ocorrendo a estenose de uretra, como no caso do presidente Michel Temer, é preciso lançar mão de um segundo tratamento, a dilatação uretral ou a uretrotomia interna. “Enquanto no primeiro são necessárias algumas sessões nas quais a uretra vai sendo alargada progressivamente por sondas maleáveis (de silicone) ou metálicas, no segundo o procedimento endoscópico faz um corte em toda a extensão da estenose e é preciso usar uma sonda vesical por cerca de 15 dias como ‘molde’ para a cicatrização não ser novamente exacerbada”, diz Ricardo Vita.
“A uretra é um órgão potencialmente contaminado. A necessidade de uso de sonda leva a um risco aumentado de infecção”, explica o membro do Departamento de HPB da SBU Dr. Rogério de Fraga.
Conhecendo a hiperplasia
A HPB é uma doença que acomete cerca de 50% dos homens após os 50 anos. Entre os sintomas estão: dificuldade de urinar, jato urinário fraco, sensação de que a bexiga não foi completamente esvaziada, aumento do número de idas ao banheiro durante a noite e vontade incontrolável de urinar. Em alguns casos, a HPB pode acarretar presença de sangue na urina, infecção urinária de repetição, cálculos na bexiga, retenção urinária e insuficiência renal.
“O tratamento da HPB é inicialmente realizado com medicamentos, caso haja refratariedade ou algum agravo, o tratamento cirúrgico passa a ser uma opção. O grande objetivo do tratamento é a proteção do sistema urinário, evitando lesões nos rins e melhorando a qualidade de vida”, afirma o urologista Rogério de Fraga.
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