Brasil registrou 44 mortes por câncer de próstata por dia em 2021
Durante o Novembro Azul, Sociedade Brasileira de Urologia alerta sobre a importância do cuidado global com a saúde masculina
Medo de descobrir alguma doença e achar que nunca vai adoecer estão entre as principais razões para o homem se esquivar de ir ao médico. E isso se reflete nas estatísticas: em média, eles vivem 7,5 anos a menos que as mulheres. Para mudar esse cenário e incentivar o cuidado com a saúde de uma forma global, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza mais uma edição da campanha Novembro Azul, que este ano traz a mensagem: “Saúde também é papo de homem”.
Ao longo do mês o conteúdo das redes sociais do Portal da Urologia será voltado para a saúde masculina e haverá lives com médicos de diversas especialidades.
“Nosso objetivo é conscientizar os homens sobre a necessidade dos cuidados com a própria saúde de forma rotineira, e não somente quando aparece algum problema. Além da divulgação dos hábitos para se ter uma vida saudável, também informamos que muitas doenças, em sua fase inicial, são totalmente assintomáticas, mas que podem ser diagnosticadas e tratadas mais facilmente com exames periódicos de check-up. O câncer da próstata é o melhor exemplo disso”, alerta o presidente da SBU, Dr. Alfredo Félix Canalini.
Dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde mostram que somente este ano, foram registrados mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por ginecologistas, contra 200 mil atendimentos de homens pelo urologista.
Câncer de próstata
O câncer de próstata é o mais incidente no homem (excluindo-se o câncer de pele não melanoma) e o segundo que mais mata (atrás do câncer de pulmão). Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde revelam que de 2019 a 2021 foram mais de 47 mil óbitos em razão desse tipo de tumor. No ano passado, 16.055 homens morreram devido à doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia.
Mortes em decorrência de câncer de próstata20192020202115.98315.84116.055
Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) Ministério da Saúde
“Os números mostram um ligeiro aumento da mortalidade por câncer de próstata em 2021 comparado aos dois anos anteriores. Ainda não sabemos se é um fato isolado ou se poderá ser o reflexo de um aumento em decorrência da pandemia, quando já havia uma preocupação por parte da nossa Sociedade porque muitos tratamentos e acompanhamentos acabaram sendo impactados. Os próximos números devem nos ajudar a entender melhor esse cenário”, analisa Dra. Karin Anzolch, diretora de Comunicação da SBU.
Outro índice do Ministério da Saúde mostra o impacto da doença no país. Em 2020 foram registradas 31.888 biópsias, em 2021, 34.673, e até agosto deste ano, mais de 27 mil. A biópsia é solicitada quando o médico desconfia de que há algo errado ao analisar os exames de toque retal e a dosagem de PSA.
Biópsia de próstata202020212022 (até agosto)31.88834.67327.686
Fonte: Ministério da Saúde
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022.
Apesar de poder atingir qualquer homem, os principais fatores de risco da doença são:
– Idade (é um câncer raro antes dos 40 anos e aumenta com o envelhecimento)
– Histórico familiar de câncer de próstata em pai, irmão ou tio;
– Homens de raça negra;
– Obesidade.
A neoplasia de próstata em estágio inicial, quando as chances de cura chegam a 90%, não apresenta sintomas. Quando eles aparecem, o tumor geralmente está em uma fase mais avançada, podendo o homem manifestar dificuldade para urinar, micção frequente, disfunção erétil, presença de sangue na urina ou no sêmen e dores pélvicas ou ósseas.
Para o diagnóstico precoce da doença, a SBU recomenda que homens a partir de 50 anos, mesmo sem apresentar sintomas, procurem um urologista para avaliação individualizada. Aqueles que integram o grupo de risco são orientados a começar seus exames mais cedo, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, a recomendação é que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação. “Essas orientações quanto à idade valem quando não houver sintomas. Se houver, a procura pelo urologista deve ser feita o mais breve possível. Vale lembrar que os sintomas não são exclusivos de câncer de próstata, nem mesmo de outras doenças da próstata, mas que, por não serem normais, sempre devem ser avaliados porque podem indicar problemas que também podem ter impacto importante na saúde do homem”, lembra Dra. Karin.
Os exames iniciais para detecção precoce do câncer de próstata compreendem a dosagem de PSA e o toque retal.
Quando operar?
Ao contrário do que a maioria dos homens pensa, nem todos os casos de câncer de próstata precisam ser operados. “Após uma biópsia confirmando que existe câncer na próstata, os tumores são hoje classificados em cinco grandes grupos denominados ISUP 1-5. Para a maioria dos tumores 1 e alguns 2, o início do tratamento pode incluir somente uma vigilância controlada, que será feita pelo urologista com exames clínicos, laboratoriais e de imagem, sem que isso promova perda de tempo no tratamento ou menor chance de cura em caso de progressão da doença. Há vários critérios a serem individualmente considerados para esses casos”, explica Dr. Marcus Vinícius Sadi, supervisor da Disciplina de Câncer de Próstata da SBU.
Outra preocupação dos homens após o diagnóstico de um tumor na próstata é a disfunção erétil. Será que todos os homens ficam impotentes após a cirurgia? “Não.
De fato, existem alterações da função sexual, mas a maioria dos pacientes operados tem sua função erétil preservada, embora possa levar alguns meses para obter-se essa recuperação. A ejaculação, entretanto, fica permanentemente ausente. Existem vários critérios que podem antecipar uma maior chance de recuperar a função erétil e entre os mais importantes estão: idade mais jovem, tumores pequenos ao diagnóstico, presença de atividade sexual habitual antes do tratamento do tumor, ausência de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, tabagismo e, obviamente, um cirurgião capacitado”, elucida Dr. Sadi.
Tratamento do câncer de próstataAs opções de tratamento variam de acordo com o estágio da doença e com as condições clínicas e desejo do paciente. Entre elas estão: cirurgia, radioterapia, vigilância ativa, hormonioterapia, quimioterapia e radiofármacos.
Para o tratamento cirúrgico, atualmente estão disponíveis três abordagens: cirurgia aberta convencional, cirurgia videolaparoscópica e cirurgia videolaparoscópica em plataforma robótica. As três apresentam o mesmo resultado em termos de resultado oncológico final. Embora a cirurgia pela via aberta (chamada prostatovesiculectomia radical) continue sendo uma boa opção na maior parte das localidades, estão ganhando cada vez mais espaço as cirurgias laparoscópica e robótica, essa última, uma variação da anterior. A cirurgia robótica tem sido amplamente empregada em vários centros do mundo, inclusive no Brasil, para o tratamento do câncer de próstata. A recuperação de modo geral é mais rápida, a precisão do cirurgião é maior, há menos sangramento e o paciente sente menos dor no pós-operatório.
“Nos casos iniciais, é comum que a cirurgia seja o único tratamento indicado, sem a necessidade de complementação com quimio ou radioterapia, por exemplo. Essa é uma pergunta e uma preocupação frequente dos pacientes”, ressalta Dra. Karin.
Mas já começam a despontar outras alternativas promissoras. “Para os tumores mais avançados, já existem várias novas alternativas em uso. Novos medicamentos hormonais e quimioterapia, isolados ou em combinações, novas técnicas de imagem, como ressonância magnética ou PET scan PSMA para melhor identificar os tumores pré-cirurgia ou os locais de falha após a cirurgia, avanços nas técnicas de radioterapia e tratamento endovenoso com novas moléculas radioterápicas estão entre alguns dos avanços que produziram um enorme aumento de sobrevida, com qualidade de vida, para esses pacientes”, enumera Dr. Sadi.
A radioterapia é um dos tratamentos que podem ser indicados em casos que o câncer é localizado apenas na próstata, em estágio inicial, como tratamento único ou em combinação com cirurgia ou com hormonioterapia. De acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas 17.712 em 2020, 17.493 em 2021 e 12.718 até agosto deste ano.
Radioterapia202020212022 (até agosto)17.71217.49312.718
Fonte: Ministério da Saúde
Cuidados com a saúde
Dados do Ministério da Saúde indicam que o número de homens que têm procurado atendimento médico no SUS tem aumentado, mas ainda é inferior ao de mulheres. Até junho de 2022, haviam sido mais de 312 milhões de atendimentos do sexo masculino, enquanto entre o sexo feminino, mais de 370 milhões de atendimentos. No ano passado foram mais de 725 milhões de atendimentos de homens contra mais de 860 milhões de atendimentos de mulheres.
Atendimento no SUS por gênero202020212022 (até junho)Feminino767.571.538862.022.765379.483.339Masculino668.687.339725.450.068312.427.139
Que outros cuidados são necessários para que os homens mantenham a saúde em dia? A recomendação é que eles sigam uma rotina de hábitos e exames de acordo com sua faixa etária.
“Na adolescência a maior preocupação é a saúde sexual, tanto as modificações da genitália próprias da idade, incluindo a paternidade responsável e gravidez indesejada, quanto as orientações sobre ISTs e sua prevenção, incluindo nesse aspecto a vacina contra o HPV. Após a puberdade a atenção é com o diagnóstico precoce das ‘doenças silenciosas’, como hipertensão, diabetes e insuficiência renal, e as orientações para a vida saudável, como cessação do tabagismo, atividade física regular e alimentação saudável, principalmente nos homens com sobrepeso. Acima dos 45 anos devemos acrescentar aspectos do envelhecimento masculino, como as doenças da próstata”, enumera Dr. Canalini.
“Felizmente o panorama da busca pelo cuidado com a saúde por parte dos homens tem melhorado ao longo dos anos. E nesse contexto o movimento Novembro Azul vem ampliar essa conscientização colaborando para o esclarecimento das principais dúvidas dos homens”, ressalta Dr. Roni de Carvalho Fernandes, vice-presidente da SBU e um dos coordenadores da campanha.
Principais dúvidas dos homens
O cuidado com a próstata está entre as principais curiosidades dos homens no consultório do urologista. Seu bom funcionamento é favorecido quando há um estilo de vida saudável, que inclui exercícios físicos regulares, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, alimentação correta, controle do peso, não fumar, evitar o consumo excessivo de álcool, além dos exames periódicos indicados pelo médico. “Homens que têm o hábito de ir ao urologista desde cedo costumam ter o benefício adicional de detectar os riscos e as doenças bem antes de elas se manifestarem. Em uma avaliação inicial, por exemplo, já se consegue delinear o que poderá comprometer a saúde e então trabalhar para que haja uma modificação desses fatores que mais adiante irão causar problemas, e esse é um dos ganhos que sem dúvida mais se percebe entre os homens que se cuidam e os que não se cuidam”, enfatiza Dra. Karin.
Confira outras dúvidas sobre a saúde masculina:
1 – O que é a próstata?
A próstata é uma glândula acessória do aparelho reprodutor do homem que se localiza na parte inferior do abdome, embaixo da bexiga e na frente do reto.
2 – A minha ultrassonografia informa que minha próstata está aumentada de tamanho, isso é grave?
É normal a próstata aumentar durante o processo de envelhecimento do homem. Esse aumento é chamado de hiperplasia prostática benigna (HPB) e muitas vezes não causa nenhum problema.
3 – A hiperplasia da próstata pode se transformar num câncer?
A hiperplasia não se transforma em câncer, mas as duas situações podem acontecer simultaneamente na próstata. Entretanto, todo homem deve ficar alerta a sintomas como diminuição do jato urinário, aumento da frequência urinária, urgência, dor ou demora para esvaziar a bexiga e alterações na coloração da urina, incluindo a presença de sangue, que podem estar ligados ao crescimento da próstata, mas também a outras condições.
4 – O câncer de próstata provoca algum sintoma?
Na fase inicial o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas. Eles geralmente aparecem em estágios mais avançados da doença, mas muitas vezes se confundem com os sintomas de outras doenças da próstata e do aparelho urinário.
5 – O PSA aumentado é sinal de câncer de próstata?
Não necessariamente, mas quando o PSA está aumentado é necessário saber o motivo, e é possível que outros exames tenham que ser feitos para diagnosticar a causa desse aumento.
6 – Depois da cirurgia para tratar um câncer de próstata é necessário fazer algum outro tratamento?
Isso vai depender da evolução do paciente após a cirurgia. O importante é fazer o controle dos níveis de PSA para ter certeza de que a operação foi suficiente para curar o câncer ou se será necessário fazer algum outro tratamento adicional, por exemplo com medicações ou radioterapia.
7 – Fazer o exame de toque retal ainda é necessário?
Sim, muitos diagnósticos de câncer de próstata são feitos a partir de alterações na consistência dessa glândula.
Novembro Azul da SBU
Ao longo do mês de novembro a SBU vai esclarecer diversas dúvidas relacionadas à saúde masculina em suas redes sociais (@portaldaurologia). Haverá ainda duas lives no Instagram:
Dia 14/11, às 20h – Novembro azul: acho que urino bem e não estou sentindo dor alguma. Mesmo assim preciso consultar?
Dia 28/11, às 20h – Saúde também é papo de homem? Quais os cuidados após os 40 anos?
A SBU está apoiando também o monólogo “O homem e sua próstata”, em cartaz de 21 de outubro a 27 de novembro no Teatro Morumbi Shopping (SP). A peça mostra de forma bem-humorada a história de um casal de turistas brasileiros que está fazendo um cruzeiro romântico pela Itália e quando o navio atraca em Livorno, o marido desembarca sozinho para um passeio, acaba se sentido mal, desmaia e é levado às pressas para o hospital mais próximo. Lá ele descobre que sua próstata está muito aumentada e há sete pedras em sua bexiga, e ele precisará ser submetido a uma cirurgia de emergência.
Fontes:
http://tabnet.datasus.gov.br/
http://radardocancer.org.br/painel/prostata/
MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA:
Vithal Comunicação Integrada
Janaína Soares – janaina.soares@vithal.com.br – (21)98556-6816
Aline Thomaz – alinethomaz@vithal.com.br – (21)99846-1967
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