Pesquisa mostra que cirurgias urológicas caíram pelo menos 50% na pandemia
Em pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia com seus associados para avaliar o impacto da pandemia da Covid-19 na saúde urológica brasileira, cerca de 90% dos participantes informaram ter tido redução igual ou maior que 50% nas cirurgias eletivas e 54,8% relataram diminuição de pelo menos 50% no número de cirurgias de emergência. Esse panorama acendeu o sinal de alerta na entidade de que boa parte dos pacientes com doenças urológicas (como cânceres, hiperplasia de próstata, incontinência urinária entre outros) possam ter postergado o tratamento pelo receio de contraírem a SARS-CoV-2. Assim, a entidade lança uma grande campanha de saúde, chamada Trato Feito, na semana do Dia do Homem, celebrado em 15 de julho.
O objetivo da ação é mostrar à população de que há doenças urológicas que não podem esperar e que quanto antes forem diagnosticadas melhor será o resultado de seu tratamento. Entre elas estão o câncer de próstata, de pênis, de testículo, a hiperplasia benigna da próstata, a incontinência urinaria e a bexiga hiperativa.
A campanha on-line conta com vídeos e podcasts com especialistas debatendo diversos temas, um hotsite com vasto material de apoio dentro do Portal da Urologia (www.portaldaurologia.org.br) e conteúdo para as mídias sociais da entidade (@portaldaurologia).
A Rádio SBU trará um novo programa a cada dia abordando aspectos diferentes da saúde do homem. O cardiologista Claudio Gil, especialista em medicina do esporte, fala sobre a importância do exercício na saúde; o ator Júlio Rocha aborda os desafios e obrigações da paternidade na atualidade; o economista Ricardo Amorim discorre a saúde financeira no período de pandemia; o coach Jaime Jimenes debate sobre como dosar a saúde e a carreira; e um grupo de humoristas falam de forma descontraída sobre os preconceitos com o exame do toque retal.
Já a UroTV contará a cada dia desta semana, com vídeos dos departamentos da SBU, que visam alertar para os cuidados com a saúde masculina: o diretor do Departamento de Andrologia, Dr. Fernando Faccio fala sobre disfunção erétil e virilidade; o membro do Departamento de Uro-oncologia Dr. Marcus Sadi aborda o câncer de bexiga; o membro do Departamento de Uro-oncologia Dr. Ubirajara Ferreira conversa sobre o câncer de próstata e testículo; Dr. Wilson Busato fala sobre câncer de pênis; o membro do Departamento de IST’s Dr. Júlio Carvalho alerta sobre o risco das infecções sexualmente transmissíveis; o coordenador do Departamento de Hiperplasia Benigna da Próstata, Dr. Ricardo Vita, discorre sobre a HPB; e o diretor do Departamento de Disfunções Miccionais, Dr. Cristiano Gomes, explica sobre a incontinência urinária.
“Os efeitos da pandemia sobre a saúde do homem ultrapassaram, de longe, os limites da agressividade desta doença por atingir outras áreas de vital importância física, psicológica e social. Particularizando a Urologia, pesquisa da SBU que avaliou o atendimento da especialidade, mostrou alarmantes resultados relativos à diminuição assistencial. Mais da metade dos pacientes que necessitavam tratamento cirúrgico e, o que é mais grave, de emergências, deixaram de ser operados! Os consultórios trabalham parcialmente, é notório que os pacientes têm temor justificável do contágio pessoal e do potencial de transmissão da doença. A expectativa de retorno à normalidade ainda é questionável. A SBU cumpre com todas as forças seu papel de alertar a comunidade sobre o problema e orientar todos sobre as melhores opções nesta fase. Estamos seguros de que vamos vencer!”, ressalta o presidente da SBU, professor Antonio Carlos de Lima Pompeo.
Cuidados essenciais
Assim como as mulheres, os homens devem fazer check-ups anuais. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre eles, seguidas pelos cânceres, sendo o de próstata o mais incidente. “A disfunção erétil é um marcador para a doença coronariana. O calibre da artéria peniana é 1/3 do tamanho da artéria cardíaca, então é obstruída primeiro e todos os urologistas estão orientados para que se o homem procura ajuda para tratar disfunção erétil, deve fazer um check-up cardíaco. Por isso sempre ressaltamos a importância de não se automedicar nessa situação”, explica o secretário-geral da SBU, o urologista Dr. Alfredo Canalini.
Principais problemas
CÂNCER DE PRÓSTATA – estimam-se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022 (Inca). Não apresenta sintomas em estágio inicial, quando suas chances de cura beiram 90%. Sua detecção ocorre por meio de anamnese, exame de toque retal e dosagem do PSA no sangue. Quem estava para realizar exames complementares, como a biópsia, após suspeita levantada pelos exames anteriores, não deve postergá-la.
ISTs – As Infecções Sexualmente Transmissíveis são causadas por dezenas de vírus e bactérias durante o contato sexual, sem o uso de camisinha, com uma pessoa que esteja infectada. O Ministério da Saúde aponta que o uso do preservativo vem caindo com o passar do tempo, principalmente entre o público jovem. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) todos os dias ocorrem um milhão de novas infecções sexualmente transmissíveis.
CÂNCER DE TESTÍCULO – O tumor de testículo é o câncer mais comum em homens entre os 20 e 40 anos. O fator de risco mais comum é a criptorquia (crianças que nascem sem que o testículo tenha “descido” para dentro da bolsa escrotal). Mais de 95% dos tumores testiculares são curáveis, porém é importante todo homem e todos os pais e mães de crianças do sexo masculino prestarem atenção a um eventual aumento do volume da bolsa escrotal, mesmo que sejam indolores.
CÂNCER DE PÊNIS – Acomete em geral indivíduos com mais de 50 anos de idade e tem como causas: as altas taxas de infecções sexualmente transmissíveis, principalmente do vírus HPV, a má higiene e a presença de fimose. Pode-se prevenir o câncer de pênis com medidas eficazes: higiene genital, prevenção de ISTs e o tratamento cirúrgico de portadores de fimose.
HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA – Essa alteração apresenta relação direta com o envelhecimento, presença de hormônios sexuais e genética. Cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos terão HPB. Aos 90 anos, essa condição afeta cerca de 80% dos pacientes. Embora tenha alta prevalência, nem todos os portadores de HPB apresentam sintomas clínicos. Entre os sintomas estão: diminuição da frequência urinária, diminuição da força e do calibre do jato urinário, vontade de urinar diversas vezes à noite, entre outros.
INCONTINÊNCIA URINÁRIA – No Brasil, 15% dos homens, acima de 40 anos, apresentam incontinência urinária. A perda involuntária de urina gera ansiedade, depressão, redução na produtividade no trabalho e afastamento do convívio social e da intimidade com o parceiro. O tratamento para a incontinência urinária inclui mudanças comportamentais e de estilo de vida até tratamentos cirúrgicos.
BEXIGA HIPERATIVA – Bexiga Hiperativa é a necessidade urgente de urinar. Essa urgência é de difícil controle e pode estar associada à incontinência urinária (perda involuntária de urina). Quem sofre desse problema costuma acordar à noite para urinar (e o sono é prejudicado). Além disso, é comum necessitar ir ao banheiro para urinar mais de 7 vezes em 24 horas.
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