Nota de esclarecimento da sociedade brasileira de urologia sobre o uso de Tadalafila para finalidades não médicas

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), por meio da disciplina de Sexualidade Humana, vem a público esclarecer informações fundamentais sobre o uso do medicamento tadalafila, especialmente diante da crescente popularização de seu uso fora das indicações aprovadas, como pré-treino em academias ou para aumento da performance sexual sem supervisão médica.
A tadalafila é um medicamento pertencente à classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). Segundo a bula aprovada pela ANVISA e as diretrizes internacionais, suas indicações oficiais são: (i) tratamento da disfunção erétil (DE); (ii) tratamento dos sintomas do trato urinário inferior relacionados à hiperplasia prostática benigna (HPB); (iii) tratamento da bexiga hiperativa; (iv) tratamento da hipertensão arterial pulmonar. Portanto, seu uso deve ser restrito às condições clínicas acima, com prescrição e acompanhamento por médico habilitado.
A SBU reitera que não há comprovação científica robusta de que o uso da tadalafila leve a melhora de rendimento em atividades físicas, ganho de massa muscular ou aumento de força.
As evidências disponíveis sugerem que a tadalafila atua predominantemente no corpo cavernoso, não na musculatura estriada esquelética, que é o alvo principal de treinos de força e hipertrofia. Além disso, a sensação de “pump” (inchaço muscular momentâneo) relatada por usuários provavelmente se deve à vasodilatação periférica transitória e representa um efeito placebo, sem benefício funcional real. Estudos controlados são limitados e não sustentam o uso da tadalafila como substância para melhora de desempenho.
O uso indiscriminado da tadalafila, sobretudo sem orientação médica, não é isento de riscos, e pode gerar consequências sérias. Os efeitos colaterais mais comuns incluem: dor de cabeça, dor lombar, vermelhidão facial, tontura, palpitações, hipotensão postural e distúrbios visuais. Pode haver ainda interações perigosas com outras substâncias, especialmente nitratos, frequentemente utilizados por pacientes com doenças cardíacas – essa combinação pode resultar em queda grave da pressão arterial, provocando até a morte do usuário sem acompanhamento médico.
Embora não cause dependência química, pode haver desenvolvimento de dependência psicológica, especialmente quando usada repetidamente para melhorar o desempenho sexual ou físico. Isso leva o indivíduo a condicionar sua confiança à medicação, o que pode afetar negativamente a saúde mental e sexual.
A SBU expressa preocupação com a banalização do uso da tadalafila, que extrapolou as práticas clínicas e passou a circular amplamente em redes sociais, academias, fóruns de internet e até na cultura popular, como evidenciado por canções populares e aumento expressivo nas vendas do produto. Formulações do medicamento sem estudos e comprovação científica não devem ser utilizadas, pois não são aprovadas pela ANVISA. Tal cenário favorece o uso sem critérios, sem diagnóstico médico e sem acompanhamento, o que representa um risco à saúde pública e vai contra os princípios da boa prática médica.
Finalizando, a SBU contraindica fortemente o uso da tadalafila sem a expressa indicação clínica, devido aos riscos à saúde física e mental dos homens. Lembrando que o único profissional preparado para receitar medicamentos é o médico.
Sociedade Brasileira de Urologia
RJ, 22/05/2025.
