Ansiedade de desempenho e disfunção sexual masculina
“Geralmente, a disfunção erétil psicogênica afeta homens mais jovens, porém, muitos também já na maturidade, que relatam ereções matinais, noturnas e na masturbação”
“O homem sobrevive a terremotos, epidemias, os horrores das doenças, e todas as torturas da alma, mas a tragédia mais atormentadora de todos os tempos tem sido, é e será a tragédia da cama” – célebre frase do escritor russo Liev (Leon, em português) Tolstói (1828-1910), de tempos antigos, porém válida na atualidade. O passado relutando em ficar onde deveria estar.
Quando proferida a frase, acredito que Tolstói estava falando da “impotência” (ou disfunção erétil – DE). O homem acredita, durante grande parte da sua vida, que pode manter o mito da “máquina masculina”. O homem com dificuldade de ereção foge de qualquer contato, para não lidar com a angústia do fracasso. Em alguns casos, pode até perder o desejo sexual como processo de defesa ao risco da falha. Pior que falhar é a possibilidade de falhar.
Geralmente, a DE psicogênica afeta homens mais jovens, porém, muitos também já na maturidade, que relatam ereções matinais, noturnas e na masturbação. Falam também de um comprometimento de desejo sexual (possível mecanismo de defesa) e que seu problema apareceu de maneira súbita (são capazes de relatar o momento específico em que iniciou o problema). Muitas vezes, um eventual fracasso traz ansiedade de desempenho, o que leva a um novo fracasso, instalando-se um ciclo vicioso: falha à antecipação do fracasso à expectador à angústia crescente à organismo desliga à falha.
Tolstói, se ainda tivesse entre nós, poderia estar pensando também na tragédia que vivem os jovens com ejaculação precoce (EP). “Eu sou apaixonado por uma colega da faculdade e sei da reciprocidade, porém não a namoro, pois tenho EP e ela pode contar para os colegas.” Quanta ignorância! – no sentido de ignorar o universo feminino.
Os jovens são os maiores prisioneiros do “Princípio de Rendimento”, que é a forma do princípio de realidade da sociedade moderna, dita por Herbert Marcuse. Como serem livres para a vivência de sua sexualidade se estão presos ao sexo performático ou mercadológico? Uma das frases que guardei de meu guru, Wolber de Alvarenga, traduz muito bem isso: “Quando me avalio, peso, meço e comparo, eu estou tendo uma relação de mercadoria comigo mesmo. Se eu me amo, eu não me vendo.”
Interessante que, mesmo depois de se ter um avanço extraordinário na medicina sexual, particularmente na sexualidade masculina, ainda há muitos homens com disfunção ligada à ansiedade de desempenho (ou de performance).
Casos identificados como psicogênicos devem ser tratados por um profissional especializado em medicina sexual, que utilizará a terapia comportamental-cognitiva (de curta duração) como base da terapia sexual. O médico, nesses casos, poderá utilizar medicação oral como terapia coadjuvante, conseguindo mais aderência ao tratamento e resultados mais rápidos. Psicoterapia e farmacoterapia são coadjuvantes essenciais do processo de cura.
Dr. Gerson Lopes, sexólogo – Belo Horizonte, MG
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