Histórias de campanha: "o nome da minha bolsinha é Vitória e ela me permitiu viver”
Descobri um tumor na bexiga, um carcinoma urotelial de alto grau, em maio de 2021. Em março daquele mesmo ano, estive hospitalizada com obstrução da bexiga. Eu já tratava infecções urinárias de repetição há mais de cinco anos. Os únicos sintomas que eu tinha eram vontade constante de fazer xixi, infecções urinárias, sempre com bactérias diferentes, e uma leve dor lombar à esquerda. Não tive nenhum outro sintoma. Os médicos me trataram por mais de cinco anos sempre como uma infecção urinária, nunca pediram uma ressonância, tomografia, só pediam exame de urina, sangue e ecografia simples.
Em março de 2021, fui hospitalizada em Canoas (município da grande Porto Alegre), porque não consegui atendimento em Porto Alegre, pois só estavam atendendo pacientes com Covid-19. Fiquei tratando de março a maio com um conceituado urologista e ele não descobriu o câncer. Posteriormente fui atendida por uma outra urologista que descobriu o câncer no outro dia que me examinou. Solicitou um ecodoppler e uma tomografia e foi constatado o câncer. Ali começou a luta, em cinco meses eu fiz seis cirurgias, com raspagens, mas o câncer voltava, apareciam mais focos na bexiga.
Fiz seis sessões de imunoterapia, e o câncer cada vez maior. Meu organismo foi totalmente refratário ao tratamento. Em janeiro de 2022, tive que fazer a cistectomia radical e fiquei com uma urostomia.
Fui para a cirurgia com o propósito de fazer uma neobexiga, mas não fui compatível. Tive uma cirurgia de quase 9 horas, foi muito difícil, doloroso. Tive obstrução intestinal, fiquei 11 dias sem comer, sem tomar um copo d’água. Essa foi a parte mais difícil, e após esses 11 dias eu teria que fazer uma nova cirurgia para desobstruir o intestino.
Hoje eu posso dizer que vivo com a minha urostomia, consigo fazer as minhas atividades, trabalho, viajo, passeio, faço atividade física, namoro, tenho uma vida praticamente normal. Quem me olha nem imagina que tenho uma urostomia porque ela fica bem escondida dentro da roupa, mas não foi nada fácil.
Quando soube da possibilidade de ficar urostomizada, fui ao fundo do poço, foi um carrossel de emoções frustradas. Cheguei a falar para a minha família que iria tirar minha própria vida, que não aceitaria se tivesse que ficar com uma urostomia. Por ignorância, porque hoje a vejo como um troféu, o nome da minha bolsinha é Vitória e ela me permitiu viver e me possibilitou a cura. Não tomo nenhum remédio atualmente e sirvo de inspiração para outras pessoas, principalmente as mulheres, para que procurem o médico quando estiverem com infecção urinária para, se necessário, tratar antes de ter que fazer uma cistectomia radical.
Lorisete de Freitas, 58 anos, gerente comercial
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