Terapia de reposição de testosterona e doenças cardiovasculares
“Novos estudos foram realizados mostrando que baixos níveis de testosterona estavam associados a um maior risco de aterosclerose e aumento do risco e da mortalidade por doenças cardiovasculares”
O declínio da produção de testosterona é parte do processo normal do envelhecimento masculino. Estima-se que os níveis de testosterona em homens com mais de 40 anos diminuem a uma taxa aproximada de 1% ao ano.
O diagnóstico da “andropausa”, termo que foi substituído por “DAEM” (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino), pode ser feito quando há a presença de sinais e sintomas característicos em combinação com níveis baixos de testosterona. Dentre as manifestações clínicas, destaca-se a perda ou diminuição do interesse sexual, dificuldade em manter ou obter a ereção, obesidade abdominal, perda de massa magra, osteoporose, fadiga, depressão e a redução da sensação de saúde e bem-estar.
O tratamento da DAEM tem sido utilizado para melhorar os sinais e sintomas causados pela deficiência de testosterona, com ótimos resultados clínicos. Entretanto, a terapia de reposição com testosterona (TRT) até pouco tempo atrás foi motivo de muita polêmica, principalmente relacionada com o risco cardiovascular dos indivíduos com mais de 40 anos.
Em parte, o temor dos efeitos colaterais provocados pela testosterona vem do uso irresponsável e abusivo, como no caso dos esteroides anabolizantes, ou mesmo dos riscos associados à TRT sem o controle adequado do tratamento, o que pode elevar a testosterona a níveis suprafisiológicos e causar infertilidade, impotência, atrofia testicular, entre outros problemas.
Estudos
Além disso, no início de 2014 dois estudos científicos mostraram aumento do risco de problemas cardiovasculares em homens que receberam reposição de testosterona. Houve grande repercussão na mídia, sobretudo nos EUA.
Estes estudos foram revisados e os seus resultados foram questionados em notas corretivas publicadas em edição posterior da mesma revista científica. Novos estudos foram realizados mostrando que baixos níveis de testosterona estavam associados a um maior risco de aterosclerose e aumento do risco e da mortalidade por doenças cardiovasculares.
Além disso, evidenciou-se a relação entre a normalização dos níveis de testosterona total e redução da mortalidade, menor ocorrência de infarto agudo do miocárdio e de acidentes vasculares cerebrais.
Dessa forma, os estudos científicos atualmente disponíveis mostram que a normalização dos níveis hormonais com a TRT para o homem com DAEM associa-se à redução de diversos fatores de risco cardiovasculares: maior controle da hipertensão arterial sistêmica, melhora do perfil lipídico, menor índice de aterosclerose, menor risco de diabetes e redução da gordura corporal. Além disso, deve-se considerar a significativa melhora sexual e cognitiva do homem, bem como o menor risco de osteoporose.
Portanto, desde que corretamente indicada e adequadamente acompanhada, a TRT pode ser oferecida aos homens com DAEM, sem que haja aumento dos riscos cardiovasculares.
Dr. Giuliano Aita – Teresina, PI
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