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Conheça a campanha

Brasil registrou média superior a 600 amputações de pênis nos últimos 10 anos

De 2012 a 2022 país ultrapassou 21 mil casos de câncer de pênis; Sociedade Brasileira de Urologia alerta que esse tipo de tumor pode ser prevenido com ações simples como higiene adequada e vacinação contra o HPV

Tipo de tumor que pode ser prevenido de forma simples, com água e sabão, o câncer de pênis, apesar de raro, atingiu uma média superior a 600 amputações do órgão nos últimos dez anos. Além da higiene inadequada, a doença também está relacionada à infecção pelo HPV e à não remoção do prepúcio quando ele não pode ser completamente puxado para trás para expor a glande a fim de higienizá-la. Números do Ministério da Saúde apontam que de 2012 a 2022 foram registrados mais de 21 mil casos de câncer de pênis no país; de 2013 a 2023, mais de 6 mil amputações; e de 2011 a 2021, mais de 4 mil mortes devido à doença.

Para conscientizar os homens sobre a importância da prevenção, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) realiza a quarta edição da Campanha de Prevenção ao Câncer de Pênis no mês em que se celebra o Dia Mundial do Câncer (04/02). Durante todo o mês de fevereiro, médicos esclarecerão dúvidas sobre a doença nas redes sociais da entidade no Instagram, Facebook e Tik Tok (@portaldaurologia).

“O Brasil está na relação dos países com maior incidência de câncer de pênis. E uma das razões para isso é a falta de informação da população da sua existência, do diagnóstico tardio e de que a grande maioria dos casos pode ser evitada com água e sabão e vacinação. O objetivo dessa campanha da SBU é levar ao maior número de pessoas possível as informações sobre como evitar e fazer o diagnóstico precoce do câncer de pênis”, destaca Dr. Luiz Otavio Torres, presidente da SBU.

Sintomas e fatores de risco

O câncer de pênis é mais incidente em homens a partir dos 50 anos, mas também pode atingir os mais jovens. Geralmente a doença se manifesta por meio de sinais como:

- Ferida que não cicatriza;

- Secreção com forte odor;

- Espessamento ou mudança de cor na pele da glande (cabeça do pênis);

- Presença de nódulos na virilha.

Entre os fatores de risco estão:

- Baixas condições socioeconômicas;

- Má higiene íntima;

- ⁠Fimose (estreitamento da pele que recobre o pênis);

- Infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano);

- Tabagismo.

Quando descoberta no início, a doença tem alta chance de cura. “O câncer já é a principal causa de morte em quase metade dos países da América Latina e Caribe, aponta o Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, elaborado com apoio da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O documento aconselha a adoção de 17 medidas relevantes no contexto socioeconômico e cultural da América Latina e do Caribe, locais onde o câncer de pênis tem as maiores incidências do mundo. E recomenda medidas como: não fumar e não consumir tabaco, manter o peso adequado, realizar atividade física regular, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, manter uma dieta saudável, proteger-se do sol, prevenir-se de ISTs e adotar de hábitos de higiene. O câncer de pênis é um tumor que pode ser evitado com bons hábitos de vida e higiene, potencializado pela vacina do HPV. Quando o diagnóstico é feito em fases iniciais, conseguimos tratar com a remoção somente da pele, evitando uma retirada do pênis”, afirma Dr. Roni de Carvalho Fernandes, diretor da Escola Superior de Urologia.

Amputações

Quando diagnosticado tardiamente, o câncer de pênis pode acarretar amputação do órgão. Números do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) do Ministério da Saúde apontam que nos últimos dez anos o país atingiu a média de 645 pênis amputados por ano e mais de 6 mil casos de amputação.


Incidência

Últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde mostram que de 2012 a novembro de 2022 foram registrados mais de 21 mil casos de câncer de pênis no país.


Mortalidade

De acordo com o Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (Inca), de 2011 a 2021 foram registradas 4.592 mortes em razão do câncer de pênis. Em 2021 (último ano com dados disponíveis no sistema), foram contabilizadas 478 mortes. A faixa mais atingida é de 60 a 69 anos.


"Os dados revelam que, infelizmente, o número de amputações no Brasil só registrou alguma queda nos dois primeiros anos da pandemia, possivelmente porque as pessoas evitavam procurar serviços médicos quando entendiam não ser urgente. Como o câncer de pênis ainda é muito pouco conhecido, e no início não dói, frequentemente é negligenciado. Mas mesmo para nós que lidamos com a doença, é um câncer que impacta muito, não só porque é prevenível com medidas simples, mas pela mutilação que leva nos seus casos avançados, bem como pela mortalidade, quando se perde a janela do tratamento curativo”, analisa Dra. Karin Jaeger Anzolch, diretora de Comunicação da SBU e uma das idealizadoras da campanha.

“No Brasil observa-se uma concentração maior de casos nas regiões norte e nordeste. Em particular no estado de Pernambuco, encontram-se números alarmantes, como no Hospital de Câncer do estado, que registrou 49 casos novos de câncer de pênis em 2020, 38 casos em 2021 e 45 em 2022, provavelmente decorrentes de áreas de baixa escolaridade e pouca informação”, acrescenta Dr. Felipe Dubourcq, supervisor da Disciplina de Câncer de Pênis da SBU.

Ranking nos países

Estudos apontam que o Brasil figura nas primeiras posições quando o assunto é incidência e mortalidade de câncer de pênis ao redor do mundo.

Neste estudo de 2017, o Brasil ficou em terceiro lugar em incidência, enquanto Romênia e Uganda ocupam as primeiras posições.

Já este estudo publicado em 2022 aponta que mais de 13 mil homens morreram devido à doença em 2020 no mundo, o que corresponde a 0,29 casos por cada 100.000 habitantes. As maiores taxas de mortalidade por idade relativas a 2020 ocorreram em dois países africanos: Eswatini (3,5 por 100.000) e Uganda (2,4 por 100.000). E o maior número de mortes, também registrados em 2020, foi o seguinte: Índia (4.760), China (1.565) e Brasil (539).

Prevenção

Apesar desses números preocupantes, o câncer de pênis é um tipo de tumor altamente prevenível por meio de ações como:

- Higiene diária adequada do pênis com água e sabão puxando o prepúcio;

- Lavagem da região íntima após as relações sexuais;

- Vacinação contra o HPV (disponível no SUS para a população de 9 a 14 anos e imunossuprimidos até os 45 anos);

- Postectomia (retirada do prepúcio) nos casos em que ele não permite a higienização correta;

- Uso de preservativo para evitar contaminação por ISTs como o HPV.

Estima-se que o Brasil tenha de 9 a 10 milhões de pessoas infectadas pelo HPV e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. A faixa etária de maior incidência é abaixo de 25 anos. Daí a importância da vacinação.

“Atualmente, temos dois tipos de vacinas contra o HPV: a quadrilavente (HPV4), que é a disponibilizada pelo SUS e que cobre a maior parte dos tipos oncogênicos, os que predispõem ao câncer, e a nonavalente (HPV9), que dá cobertura para mais subtipos, já disponível na rede privada. Ambas são compostas por partículas do vírus preparadas pela técnica de DNA recombinante, que cria uma das proteínas que compõem o capsídeo do HPV. Essas partículas são capazes de induzir a formação de anticorpos neutralizantes em títulos altos, que são suficientes para proteger quem recebe a vacina”, explica Dr. Mauricio Dener Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.

Tratamento

O tratamento do câncer de pênis consiste na remoção da lesão por meio de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, dependendo do caso. No entanto, se a lesão for invasiva, são necessárias medidas mais agressivas, como a amputação de parte ou de todo o órgão.

“O tratamento do câncer de pênis é eminentemente cirúrgico. Lesões pequenas, superficiais e pouco agressivas podem ser tratadas com ressecções locais ou até mesmo por terapias ablativas (eletrocoagulação, cauterização química). Entretanto, em geral, ressecções com uma boa margem de segurança são necessárias. Para preservação da função sexual, sempre que possível, deve-se ponderar a possibilidade de resseção somente da área afetada pelo tumor, com uma margem de segurança (penectomia parcial). No entanto, em casos de tumores volumosos ou amplamente invasivos, pode ser necessária a ressecção completa do pênis (penectomia radical) e até mesmo dos órgãos genitais adjacentes, como bolsa escrotal ou testículos (emasculação)”, detalha Dr. Mauricio Dener Cordeiro.

MAIS INFORMAÇÕES À IMPRENSA:
Vithal Comunicação Integrada

Aline Thomaz - alinethomaz@vithal.com.br | (21)99846-1967
Janaína Soares – janaina.soares@vithal.com.br | (21)98556-6816

Materiais da campanha

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Para os médicos

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